Maranhos da Sertã

O Maranho da Sertã ^IGP é uma iguaria singular, produzida a partir da “bandouga”, que é o estômago de ovinos e caprinos. Com uma receita que respeita rigorosos limites de incorporação de ingredientes, este prato carrega consigo a essência da culinária regional da Sertã.

O método de produção inicia-se com o preparo da “bandouga”, que, após ser limpa e lavada, é habilmente cosida com agulha e linha, deixando uma abertura estratégica para o recheio. A mistura de ingredientes, incluindo carne de caprino e/ou ovino, arroz carolino, presunto, toucinho entremeado, hortelã, azeite, vinho branco, água e sal, cria uma mistura saborosa e autêntica.

A tradição exige que as carnes sejam cortadas em pequenos pedaços e misturadas antes de marinar. O arroz, regado com azeite, é adicionado à mistura, resultando num recheio que, após pronto, é cuidadosamente inserido na “bandouga”. Este processo requer habilidade, preenchendo a “bandouga” até cerca de 75% da sua capacidade, prevenindo rupturas durante a cozedura devido à expansão do arroz.

Os Maranhos da Sertã apresentam-se na forma característica de um estômago e com uma textura exterior rugosa. Não possui roturas visíveis e demonstra, a olho nu, o cuidado manual empregado durante a sua confeção. O seu sabor distinto ressalta a presença marcante da hortelã e da carne caprina e/ou ovina, equilibradas pelo presunto e, opcionalmente, pelo chouriço.

A Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural refere que a área geográfica de produção, preparação e acondicionamento do Maranho da Sertã está restrita ao Concelho da Sertã, fortalecendo a sua ligação com a tradição local. Este prato, de reputação consolidada ao longo dos anos, é apreciado como uma das jóias da gastronomia regional.

A sua história remonta ao século XIX, sendo mencionado pela primeira vez em 1858. Ao longo do século XX, ganhou destaque, sendo consumido especialmente em ocasiões festivas. O produto alcançou notoriedade durante um almoço oferecido a Afonso Costa, primeiro-ministro da I República, em 1913, onde esta especialidade do conselho foi a estrela principal, demonstrando a sua importância regional.

O Maranho da Sertã não é apenas um prato local, é uma tradição viva que continua a encantar paladares, preservando a autenticidade e o legado gastronómico da Sertã.

Certificação IGP

O Maranho da Sertã é uma especialidade da gastronomia tradicional portuguesa, com indicação geográfica IGP. O Restaurante Ponte Romana é certificado para a sua produção. Continuaremos como sempre a ter produção própria, para consumo no restaurante e takeaway.